‘O Último Azul’: A Distopia Poética que Hipnotiza e Provoca Reflexões Profundas
Gabriel Mascaro, o aclamado cineasta pernambucano, entrega-nos com 'O Último Azul' uma obra que transcende o mero incômodo, mergulhando o espectador numa distopia visualmente deslumbrante e carregada de significado. O filme, já aclamado pelo G1, oferece um olhar pessimista sobre o futuro, mas o faz com uma beleza paradoxal que cativa e perturba.
A narrativa centra-se num mundo onde o céu se tornou azul apenas por algumas horas diárias, um privilégio controlado por uma corporação. A história acompanha Abel, interpretado por Rodrigo Terça, um homem que trabalha como 'pintor do céu', responsável por simular o azul nas paredes de um complexo industrial. A sua rotina monótona é abalada pela chegada de Sara (Júlia Rocha), uma jovem que questiona a realidade imposta e o sistema que os oprime.
Mas 'O Último Azul' é muito mais do que uma simples história distópica. É uma reflexão sobre a fragilidade da natureza, o poder das corporações, a alienação do trabalho e a importância da esperança em tempos sombrios. Através de uma linguagem cinematográfica poética e evocativa, Mascaro constrói um universo visualmente impactante, com cores vibrantes contrastando com a aridez do ambiente industrial.
A fotografia de Leonardo Feliciano é um dos pontos altos do filme, capturando a beleza melancólica do cenário e a expressividade dos atores. A banda sonora, composta por Daniel Simitan, complementa a atmosfera do filme, intensificando as emoções e criando uma experiência sensorial completa.
A atuação de Rodrigo Terça é notável, transmitindo a complexidade de um homem preso num ciclo de alienação, mas que ainda anseia por liberdade. Júlia Rocha, por sua vez, personifica a esperança e a rebelião, desafiando o status quo com coragem e determinação.
‘O Último Azul’ não é um filme fácil de assistir. É um filme que provoca, que incomoda, que nos confronta com a nossa própria realidade. Mas é também um filme que nos inspira, que nos lembra da importância de lutar por um futuro melhor, mesmo quando tudo parece perdido. É uma obra que ficará na memória do espectador muito depois dos créditos finais.
Em suma, 'O Último Azul' é uma joia cinematográfica que merece ser vista e discutida. Um filme que nos convida a refletir sobre o nosso papel no mundo e a importância de preservar a beleza e a esperança, mesmo nos tempos mais sombrios. Não perca a oportunidade de testemunhar esta obra-prima da cinematografia brasileira.