Em um movimento que demonstra a crescente tensão tecnológica entre os Estados Unidos e a União Europeia, o governo do presidente Donald Trump ordenou que diplomatas americanos em toda a Europa intensifiquem os esforços de lobby contra a proposta de lei de tecnologia da UE, conhecida como Digital Services Act (DSA) e Digital Markets Act (DMA). A medida visa garantir um campo de atuação mais justo para empresas menores e responsabilizar as grandes plataformas digitais por conteúdo ilegal e práticas anticompetitivas.

A instrução, divulgada pela Reuters, revela a preocupação da administração Trump com o potencial impacto da lei europeia em gigantes de tecnologia americanos como Google, Facebook, Amazon e Apple. Diplomatas americanos foram instruídos a trabalhar com autoridades da UE, grupos do setor e políticos para expressar preocupações sobre a lei e buscar modificações que, segundo Washington, protejam a inovação e o comércio transatlântico.

O que são DSA e DMA?

O Digital Services Act (DSA) foca em regular o conteúdo online e a responsabilidade das plataformas em relação a discursos de ódio, notícias falsas e outros conteúdos ilegais. Ele exige que as empresas sejam mais transparentes sobre como moderam o conteúdo e que tomem medidas para remover conteúdo ilegal.

O Digital Markets Act (DMA) visa evitar práticas anticompetitivas por parte de grandes empresas de tecnologia, conhecidas como “gatekeepers”. Ele impõe restrições ao uso de dados de usuários, proíbe a auto-preferência em resultados de busca e lojas de aplicativos, e obriga as empresas a permitir a interoperabilidade com serviços concorrentes.

Preocupações Americanas e o Lobby

Os Estados Unidos argumentam que a lei da UE pode ser excessivamente restritiva, prejudicando a inovação e dificultando a capacidade das empresas americanas de competir globalmente. Além disso, há preocupações de que a lei possa ser usada para favorecer empresas europeias em detrimento das americanas. O lobby americano busca, principalmente, garantir que as regras sejam aplicadas de forma equilibrada e que não criem barreiras desnecessárias ao comércio transatlântico.

“Estamos trabalhando com nossos aliados europeus para garantir que a lei seja implementada de forma justa e transparente, e que não prejudique a inovação”, afirmou um diplomata americano, sob condição de anonimato. “Acreditamos que um diálogo contínuo é essencial para encontrar um terreno comum que beneficie tanto os Estados Unidos quanto a Europa.”

Implicações Globais

A disputa entre os Estados Unidos e a União Europeia sobre a regulamentação de tecnologia tem implicações globais. Outros países estão observando de perto o que acontece entre os dois blocos, pois a lei da UE pode servir de modelo para outras jurisdições. Se a lei for implementada como proposta, pode levar a uma fragmentação da internet, com diferentes regras em diferentes partes do mundo.

A intensificação do lobby americano sinaliza a seriedade com que Washington está encarando a questão. A batalha pela regulamentação de tecnologia está apenas começando, e o resultado terá um impacto significativo no futuro da internet e da economia digital global. A pressão diplomática americana busca moldar o resultado final da legislação, potencialmente atenuando algumas das medidas mais rigorosas propostas pela UE e garantindo que os interesses das empresas americanas sejam considerados.